20-11-2023
A Polícia Civil continua investigando o caso do menino de 11 anos que passou mal após comer lagartixas, em Formosa, no Entorno do Distrito Federal. Em depoimento, a mãe da madrasta da criança disse que foi ela quem preparou os animais, tendo os limpado, temperado e frito.
O g1 não conseguiu contato com a madrasta do menino e nem com a mãe dela.
O caso aconteceu no dia 6 de novembro. O menino havia passado o final de semana na casa do pai e, quando o homem foi trabalhar na segunda-feira, ele ficou com a madrasta e a mãe dela. Enquanto brincava, ele quase matou uma lagartixa, o que iniciou o assunto entre todos.
"A atual sogra do pai era uma pessoa muito simples, parece que já passou fome no passado e comentou com a criança que antigamente as pessoas comiam aquilo, porque passavam necessidade", explicou o delegado Paulo Henrique Santos.
Em depoimento, a mãe da madrasta disse que o menino ficou curioso com a história e demonstrou interesse em também comer o animal. Ela, então, disse que se ele conseguisse caçar mais lagartixas ela iria preparar.
A criança aceitou o desafio e caçou cerca de quatro lagartixas. Com isso, a mãe da madrasta afirma ter limpado, temperado, frito e servido os animais para o menino comer.
Criança urinou e vomitou líquido preto
A mãe do menino, Raquel de Souza, disse em entrevista ao g1 que depois que o filho consumiu o animal, passou mal e foi diagnosticado com uma infecção intestinal. Ela denunciou o caso à polícia no dia 11 de novembro.
Segundo Raquel, o filho teve dor de cabeça, sentiu fraqueza, ficou com a língua inchada, teve diarreia, além de ter vomitado e urinado um líquido escuro. A criança ficou internada três dias.
"Eu fiquei pasma, sem reação. Não estava conseguindo acreditar na coragem de convencer uma criança a comer isso", disse a mãe da criança.
De acordo com o delegado Paulo Henrique Santos, a polícia ainda não possui nenhum laudo que comprove que a intoxicação da criança foi causada por conta do consumo da lagartixa.
"A gente está analisando ainda os documentos médicos, relatórios, prontuários e em breve saberemos qual o próximo passo a ser dado", explicou.
Ao g1, o médico infectologista Marcelo Daher explicou que existe o risco do animal estar infectado com diversos parasitas que colocam em risco a saúde.
"O risco de adquirir uma doença é muito grande. Existe risco de sensibilização pela própria proteína do animal e risco de reação alérgica grave. Tem que ter muita atenção e muito cuidado com a ingestão de alguns animais silvestres", pontuou o médico.
Sem maldade
O delegado afirma que ainda é cedo para dar uma previsão da conclusão do inquérito e que nem mesmo pode afirmar se haverá indiciamento de alguma pessoa.
Segundo o investigador, a princípio, não há nenhum indício de que o menino foi coagido ou ameaçado a comer os animais. O caso é tratado como uma consequência de uma ação irresponsável, mas sem qualquer intenção de causar mal ao menino.
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