28-11-2024
Uma operação do Ministério Público de Goiás (MPGO), realizada nesta quarta-feira (27), resultou na prisão de três membros da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. Entre os detidos estão o secretário de Saúde, Wilson Modesto Pollara, o secretário executivo da pasta, Quesede Ayres Henrique, e o diretor financeiro do Fundo Municipal de Saúde, Bruno Vianna Primo. A ação investiga crimes relacionados ao pagamento irregular em contratos administrativos e associação criminosa.
A operação, liderada pelo Grupo de Atuação Especial no Patrimônio Público (GAEPP), contou com a participação de 11 promotores de Justiça, 28 policiais militares, servidores do MPGO e um delegado de polícia. Foram cumpridos mandatos no prédio da Secretaria de Saúde, nas residências dos investigados e de um empresário que presta serviços à pasta. Em uma das casas, foram encontrados mais de R$ 20 mil em dinheiro.
Os três agentes públicos ocupavam cargos de alta relevância na gestão da saúde municipal:
- Wilson Modesto Pollara: médico formado pela Universidade de São Paulo e com passagens por cargos de destaque na área da saúde em São Paulo, incluindo a Secretaria Municipal da Saúde.
- Quesede Ayres Henrique: secretário executivo da pasta.
- Bruno Vianna Primo: diretor financeiro, responsável pelo gerenciamento do Fundo Municipal de Saúde.
Histórico de irregularidades
Wilson Pollara já esteve na mira das investigações anteriores. Em julho, o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) determinou seu afastamento por três meses devido a suspeitas de “má-fé” em contratações de sistemas, funcionários e ambulâncias para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) .
O MPGO aponta que o grupo se associou para a prática reiterada de crimes, como a concessão de vantagens ilícitas em contratos, resultando em prejuízos à administração pública. A investigação revelou irregularidades nos pagamentos, que desrespeitavam a ordem cronológica de exigibilidade, causando desestruturação nos serviços de saúde.
Impacto na saúde pública
Segundo o MPGO, a crise de gestão da saúde pública de Goiânia é sem precedentes. Entre os problemas identificados estão:
- Desestruturação da assistência hospitalar;
- Acesso restrito a leitos de enfermaria e UTI;
- Interrupção de serviços essenciais;
- Deficiências graves em políticas de assistência básica;
- Descumprimento reiterado de decisões judiciais;
- Irregularidades em contratações.
Um dos casos mais graves foi o não repasse de verbas à Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), deixando o órgão com dívidas de R$ 121,8 milhões e comprometendo seu funcionamento.
Nota da Prefeitura de Goiânia
A Prefeitura de Goiânia divulgou nota afirmando estar colaborando com as investigações e reafirmando seu compromisso com a transparência:
“A gestão municipal reitera seu compromisso com a lisura na administração pública, colocando-se à disposição para fornecer todas as informações necessárias. A Prefeitura reforçará que tomará todas as medidas administrativas cabíveis, conforme o desdobramento das apurações.”
Desdobramentos
Com a prisão dos três gestores, o Ministério Público segue aprofundando as investigações para identificar outros envolvidos no esquema. A população que enfrenta as consequências diretas da má gestão, aguarda respostas e providências efetivas para a restrição da rede.
Da Redação do Agenda Capital
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